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Contos Relliquianos - Stardivenius Alpetralis


jaderloko123

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Contos Relliquianos - Stardivenius Alpetralis

 

Lembro-me bem daquela tarde, não por ela estar demasiadamente gelada, uma vez que em Relliquia todas as tardes eram muito geladas, mas sim por ter conhecido uma figura impressionável.

Estava eu, Necrox, em minha casa, observando o treinamento de um aprendiz quando, ao longe, ouvi o vago rufar de tambores. Das últimas vezes que ouvira tal som, tratava-se de exércitos marchando frente à Capital e anunciando ataque. Mas, daquela vez, era uma pequena trupe que se aproximava. Ao chegarem mais perto, percebi que acompanhavam um homem, provavelmente o líder do grupo. Eram cerca de quinze homens e duas tamboristas bastante desajeitadas. Por se tratar de possível perigo, pedi que meu aprendiz entrasse.

Já a poucos metros de distância, o grupo parou e o líder, um sujeito excessivamente magro e carrancudo, de barba branquíssima e enormes dentes, se aproximou. Chegou até minha frente e disse ser Stardivenius Alpetralis. Sim, Stardivenius Alpetralis era seu nome.

- Sou Stardivenius Alpetralis, filho de Alcapardius Alpetralis. Treinei minha resistência nas mais altas e geladas montanhas do extremo sul. Conheci os melhores treinadores nos quatro cantos de Relliquia. Passei por lugares mil a fim de conhecer a mais pura essência dos elementos. Agora, vim até você para aprender a dominar a terra, o único elemento que falta para me tornar o mais poderoso druida deste continente inteiro - gritava o homem.

Fiquei assustado primeiro pela cisudez do homem e, segundo, pela arrogância que demonstrou. Como os druidas sabem, dominar o elemento terra não é nada fácil, principalmente quando se está em Relliquia, um local coberto pela neve. Além disso, eu não estava nada animado em treinar mais de uma pessoa. Decidi, então, divertir-me um pouco.

- Traga-me cinco quilogramas de terra vermelha, sem nenhum tipo de impurezas. Com essa terra, poderemos treinar.

- Ora, mas como vou conseguir terra neste deserto de neve? - disse o sujeito.

- O mundo é feito de terra, não é? Creio que haja muita terra espalhada por aí.

Após ouvir isso, algum de seus seguidores, intrometido, gritou:

- Derreta a neve! Sim, derreta a neve com o fogo pois há muita terra embaixo dela!

Inteligentíssima conclusão. Apressando-se, Stardivenius começou a tentar dominar fogo onde estava. Mesmo conhecendo a "pura essência dos elementos", ele não conseguia sequer criar uma faísca.

- Vai tentar derreter justamente a neve de meu jardim? Eu gosto dela aqui - falei.

Bufou e então se distanciou alguns metros. Novamente começou a tentar.

- Meu jardim é muito grande. Você ainda está pisando nele. Se quer apanhar terra, terá de ser longe daqui.

Saiu pisando brutamente - ficara furioso! Felizmente, foi para bem mais longe daquela vez, junto com sua comitiva. Com aquele frio, ele não conseguiria criar fogo nunca. Conscientizando-se disso, pediu que alguns de seus homens cavassem. Encheu de terra um saco e trouxe para mim.

- Aqui está a terra. Agora, o que faço com ela?

- Domine.

- Justamente para isso que eu vim aqui, para treinar com você! É você quem deve exercer o papel de mestre e me ensinar a dominar a terra!

- Exatamente, caro aprendiz. E seu treinamento é este: domine-a. Mas vamos logo com isso, pois a noite logo vem e não quero incômodos na hora de meu chá.

- Você não quer me treinar, é isso? Se não quiser, de nada me importo! Existem muitos outros mestres com os quais eu posso treinar, mestres até melhores do que você - seus seguidores naquele momento urraram com a resposta.

- Você não quer aprender? Se não quiser, existem muitos outros aprendizes dispostos a seguir meus conselhos, aprendizes até mais adequados que você - novamente urraram, mas com minha resposta. Pobre ignorância.

- Não quero mais, velhoidiota ! Você está me desafiando! Então que assim seja - arrastou uma perna pelo chão e então, com as mãos, covardemente disparou uma furiosa rajada de vento. Como havia algumas runas de escudo presas à minha aljava, nada me aconteceu. Com aquele frio e neve que há pouco começara a cair, uma rajada de tal magnitude resultaria em um belo ferimento. Rapidamente entrei em posição de duelo, em meio à investida dele.

- Stardivenius, creio que seja um pouco equivocado tentar me matar, justamente quando só tentei ajudá-lo!

- Isso já não mais interessa! Agora estou lutando por meu orgulho!

Nesse momento, a trupe já estava bem longe. O homem era realmente impressionável. Apesar da aparência fraca, ele realmente demonstrava grande resistência e excelente presença de batalha. Movimentos bem planejados, ótimas esquivas, ataques seqüenciados. A batalha estava realmente empolgante, mas o sol se punha e a hora do chá era em breve. Eu precisava acabar, ou o duelo extenderia-se por mais muito tempo e eu poderia acabar morto. Então rapidamente realizei a seqüência de selos com a mão e conjurei uma Raiz de Gaia, gastando uma de minhas mais preciosas runas encantadas. Com tal conjuração, prendi-o e o ergui a uma boa altura.

- Solte-me daqui, velho maldito - gritava histericamente.

Então o soltei. Como Raízes de Gaia são perfeitamente controláveis, joguei-o bem longe de minha vista. Não voltou mais.

Talvez, caso aquele homem não fosse tão arrogante, eu pudesse aprender muito com seu treinamento. Mas, feliz ou infelizmente, livrei-me daquilo. Recentemente ouvi dizer que Stardivenius morreu tentando matar um Kraken nos mares de Nagarath. Se for verdade, morreu por pura ousadia. Faz muitos anos que um Kraken não é morto e não será um homem só que conseguirá matá-lo. De qualquer modo, que tenha sucesso no outro mundo, pois aqui era um sujeito impressionável.

 

 

 

 

Para quem gostou, em breve mais contos das terras de Relliquia. Sou grato a você, bom leitor, que leu tudo. Se não leu, experimente.

Editado por Necrox
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(crap,crap,crap,crap,crap,)

 

Aplausos, magnifico!

Estupendo!

 

Cara, gostei muito, muito mesmo. Você está de parabéns!

 

PS: sei que é a mesma reposta, mas não há outro modo de demonstrar minha admiração.

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