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O Brasão - O Grito Das Mil Faces


Henrique Moura

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O Grito Das Mil Faces





Sua curiosidade por novas aventuras era notável. Isillas era o terceiro filho dos restos da Casa de Ironghor, cujo irmãos já haviam falecido. Sobre seus pais, já não guardava muita lembranças deles, já que a ultima vez que viu o belo sorriso da sua mãe e os olhos brilhantes e corajosos de seu pai tinha sido há muito tempo, quando ele ainda não passava de uma pequena promessa ao mundo.

 

A sua curiosidade o levou, não só a ele, mas a sua companheira Sahr até uma das mais temíveis cavernas e tumbas do deserto de Jadaf, onde as bestas jamais vistas ainda viviam sem nenhum contato com os humanos. Um mundo intacto, que estava prestes a ser tocado pelos dedos aventureiros de Isillas.

 

Já era tarde quando eles chegaram, e o frio tomava conta de cada artéria de seu corpo, fazendo-o estremecer através do vento. Sahr não se sentia diferente, e quando o vento apertava sem misericórdia, ela sutilmente abraçava Isillas. Os dois então entraram numa tumba no meio do deserto, na qual havia apenas uma pequena entrada onde eles passariam apertado e com muito incomodo devido a grande quantidade de areia, que escorria pelas rochas e dançava junto ao vento, prejudicando a visão e fazendo-os perecer. Eles desceram, e no primeiro olhar, era explicito que não havia sinal de vida ou de qualquer presença humana. Então era alí mesmo, que os dois começariam sua aventura.

 

Isillas sempre influenciou Sahr em suas decisões. Apesar de ser uma guerreira experiente, era facilmente manipulada por Isillas devido ao seu sentimento. Ela, na verdade, nunca gostou das aventuras o qual era submetida por Isillas, mas nunca deixaria seu companheiro sozinho.

 

Os dois caminharam pelas tumbas escuras e desertas, pelo menos o vento cessara. Com apenas um fio de luz provido da tocha que Isillas carregava, os dois foram ao ponto mais profundo da tumba. Eles já sabiam o que pretendiam achar, embora inseguros da existência do mesmo.

 

Em passos descuidados, Sahr afundava na areia que, uma vez ou outra, tornava o piso submerso, e então escorregava. Mas como toda vez foi, estava ali Isillas para segura-la e deixá-la mais uma vez convencida que era seguro continuar.

 

No fim do túnel macabro e assustador, havia um buraco profundo que provinha uma luz forte, porém escura e musgosa, também com uma pequena abertura. Isillas colocou a cabeça e pouco pode ver além da imensidão de luz verde e ossos, várias figuras de várias criaturas em cada centímetro de parede por aquele vão. Ele pretendia descer, mas como Sahr tinha o corpo mais fino, deixou-a ir na frente. Quando colocava o segundo pé, ela escorregou e caiu, desesperada gritando. O barulho de ossos estalando e ecoando por toda caverna fez Isillas, mesmo maior que Sahr, descer o buraco. Ele entalou na pequena abertura, embora fizesse muita força, pouco se movia. Ouviu então vários gritos e gemidos ensurdecedores, tantas vozes confusas e misturadas que o fez enlouquecer. Ele não conseguia se mover, as vozes, os gritos, os choros, tudo aquilo o fazia louco. Então, caiu.

 

No chão e rodeado por ossos, a imensidão do lugar parecia ainda maior. Para qualquer lado que olhava, parecia não ter fim aquela visão assustadora e perturbante da mesma aparência. Ossos, faces de diferentes criaturas. Ele tinha a impressão de que todas as faces o olhava, embora sem se moverem. Ele não encontrou Sahr, e a cada minuto ficava mais desesperado. Com as mãos trêmulas, ele revirava os ossos e crânios a procura de algo que nem ele sabia o que era.

 

Os gritos começaram mais uma vez, e ele então percebeu que cada face desenhada tinha uma expressão de grito e por sua vez, cada uma emitia um grito diferente, mas todos com a mesma caracteristica: assustador e enlouquecedor. Recorreu as mãos aos ouvidos, mas pouco adiantou, parecia que quanto mais ele evitava de ouvir os sons, mais alto ele escutava. E isso o foi machucando profundamente, até que todos os sons cessaram.

Apenas uma voz continuava a gritar, de uma profundidade da qual era irreconhecível. E então ele ouviu.

 

_Isillas! Socorro! - Socorro!

_Ele vai me matar - Socorro!

 

Ele pode ouvir Sahr, em gritos abafados e afugentados, que cessavam de pouco em pouco e ficavam mais longe do que ele podia ouvir. Começara outra sessão de gritos.

 

_Por aqui! Me salve..por favor..

 

Então ele pode reconhecer o local de onde vinha os gritos, e correu incessantemente em busca de Sahr. Ele parava quando não mais podia escutar, e então quando os gritos recomeçavam, ele também recomeçava a sua corrida na vasta imensidão.

 

Quando os gritos finalmente ficaram muito perto, ele pode ouvir Sahr sussurrar de perto.

 

_Este é o preço quando se invade a casa de Zoralurk.

 

Gritos ensurdecedores e imagens perturbantes de tantas pessoas morrendo fizeram uma seqüência maldita que estourava a mente de Isillas. Então com o ultimo grito veio a imagem de Sahr agonizando. Seus olhos fecharam e ele caiu na pilha de ossos, se juntando à eles.

Editado por Henrique Moura
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Nem preciso falar, tá excelente :smile_positivo: Muito bom mesmo, fixa o leitor ao texto e mostra detalhes que fazem a imaginação voar junto com as palavras.

 

To esperando o teu livro, será cobrado eternamente!

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Nossa velho Parabéns gostei muito é desse tipo de Historia que eu curto, vou até salvar aki pra quando eu nao estiver fazendo nada Ler de Novo, mais uma vez esta Perfect !

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Muito boa a história cara, gostei muito, não é tão grande e ficou bem legal e interessante.

Parabéns cara, espero por outras histórias dessas, é bem difícil de que eu leia um texto até o final, geralmente não acho nada interessante, e dessa vez, perfeito.

 

Atenciosamente,

AnyurCT

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