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Diary Of A Jew


Fernandinand

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Prólogo

 

Dizem, que quando a gente está morrendo, a nossa vida passa em nossos olhos... Eu presenciei isso, não foi muito bom, pois me lembrava de momentos inquietantes e sufocadores, momentos terríveis que tive de passar. Você provavelmente não deve saber do que eu estou falando, afinal... Como uma pessoa viva, pode compreender as coisas de uma pessoa que já morreu, mas que ainda respira.

 

Bem, eu já escapei da morte algumas vezes, mas eu não consegui escapar em todas as vezes que ela me aparecia de ante dos meus olhos...

Num dia nublado, o céu estava com nuvens negras e aviões rondando, jogando bombas que estragam o asfalto com poças de sangue, homens vivos com entre dois mundos, uma chuva estava para chegar, nuvens formam um circulo negro, com o Sol no interior dela, iluminando um simples menino entre destroços, pessoas mortas e pedaços de muros caídos, formando um simples local, um local morto, apenas uma única coisa viva... O menino, pois até sua esperança havia sido esmagada, naquele momento, ele pode perceber que a raça humana era com certeza imperdoável.

 

Eu estava lá, quando vi um homem com capuz negro me arrastar para baixo, mas em baixo não tinha nada além de destroços, e um asfalta coberto de poeira e poças de sangue. Eu acho que morri, pois não sinto mais dor, minha cabeça não vibra mais a toda hora em que uma pessoa passava por mim, eu não estava com medo... Não mais, não mais.

Bem, já que eu morri, irei lhes contar minha história, se quiserem saber o que houve, em que época, fiquem e vejam... Pois você nunca irá ler algo tão triste como irei lhes contar.

 

Capítulo 1



O vagão de trem

 

Eu estava lá, num vagão de trem com ratos podres e um cheiro não muito agradável, mas não tínhamos escolha, sim, eu não estava sozinho, eu tinha uma irmã de sete anos, suas bochechas rosa e seu rosto redondo estavam cobertos de lama e poeira, seus olhos castanhos estavam endurecidos e lacrimejando, também o que acabara de ver não era algo de se achar comum, principalmente para uma garotinha pequena.

Ela estava encolhida em meus braços, ela se deitava com o corpo curvo como se estivesse em sua cama, deitada e com frio, toda encolhida, mas isso não era real, ela estava num vagão de trem, com ratos mortos e baratas rondando aquele lugar, de repente, nada. Ela ficou fria, fechou os olhos, suas bochechas e lábios avermelhados estavam pálidos, seu cabelo longo e castanho formava curvas em direção aos seus pés, cobrindo seu corpo, ela só tinha uma peça de roupa colada em teu corpo, fazendo curvas perfeitas, um pijama. Era o máximo que nossa mãe poderia fazer, mas isso não adiantava mais, iríamos ser arrancados tudo o que temos, tudo o que conseguimos por toda nossa vida de luta, fomos separados de nossas peças de roupa, sapatos, e até a nossa família teria de ser separada da gente.

 

Bem, o fato era que eu tinha dez anos de idade, e que minha irmã estava morta, tinha morrido em meu colo, na hora em que ela ficou pálida eu percebi que algo tinha acontecido olhei pro lado, e vi um homem, de capuz negro que a puxou, eu a vi sendo arrastada e de repente... Sumiu. Mas ela ainda estava em meu lado, tentei acordá-la, mas não deu certo, eu não entendi o que tinha acontecido, para mim, era um mistério a ser resolvido não só por mim, mas pela dor de perder minha ultima esperança de alegria, é como se eu estivesse vendo meu coração ser arrancado de meu peito e logo depois, ser partido ao meio e depois jogado aos destroços, junto com outras almas solitárias, que vivem para se arrepender.

Eu quis chorar, mas eu estava confuso, pois não sabia o que tinha acontecido naquele momento, eu era novo, só tinha dez anos... Mas eu teria presenciado uma cena que nem os mais velhos conseguiriam suportar. Eu acho que eu estava acostumado com mortes, as via o tempo todo, em qualquer lugar era possível ver homens de farda matando pessoas, crianças, e depois lhes jogando os corpos num rio qualquer, ou queimando-os. O cheiro dos corpos sendo queimados era terrível, pior que qualquer coisa possível de imaginar.

Eu estava sentado ainda no trem, eu vi homens de farda entrar no vagão, falaram alguma coisa do tipo Heil Hitler e levantaram suas mãos fazendo uma saudação, para logo depois abaixarem, ficaram conversando por algum tempo, vieram até mim e pegaram o corpo de minha irmã, eu segurei ela por longos dez segundos, trazendo a para mim e gritando, implorando para que soltassem, então me empurraram, cuspiram em mim e falaram “Jüdlein unrein” – Judeuzinho imundo – como se eu fosse um animal, eles ficavam enojados comigo, na época dava para se entender o que algumas pessoas igual a mim passavam.

Eu estava apavorado, pessoas iguais a mim eram atacadas por serem inocente. Alguns preferiam morrer rapidamente, com uma bala na cabeça do que estar vivo naquela época, nas mãos daqueles alemães. Um ultimo momento de desespero, foi quando vi um homem carregando minha única família que restara, minha irmã. Ele usava um capuz preto, sua pele era branca feito a neve, ele a pegou por um segundo, andou em direção a outra cabine, e sumiu.

 

Pessoas como nós numa época daquelas, preferíamos não termos nascido, seria tão fácil levarmos um tiro em nossa testa quando nos encontrassem, mas não, gostavam de ver as pessoas sofrerem, sangrar, ficar desesperadas, se separando das famílias, ficando a sós nesse mundo, pensavam que nós éramos inferiores a eles, se chamavam de “pure blut” – puro sangue –, mas eu não ligava, estava querendo uma chance de escapar, sair daquele lugar, sair daquele mundo.

 

Eu ainda estava num vagão do trem, ninguém sabia a direção a qual estava indo, só os oficiais que nele continha, eles estavam felizes de algum modo, provavelmente porque mais judeus seriam queimados, alguns se alistavam para ajudar à nação nazista, outros, aqueles que não tinham utilidade, eram queimados logo depois de receber um tiro no meio da testa, o sangue lhe escorria o rosto, indo em direção ao pescoço, alguns outros judeus eram queimados vivos, sentindo a dor de sua alma sendo arrancada de teu corpo obrigatoriamente, sendo queimadas pelas chamas do inferno, mas esse era o problema, porque nós teríamos que ser queimados vivos, enquanto os outros pecadores eram poupados dessa injustiça?! Nós não merecíamos isso, éramos apenas simples homens e mulheres querendo um trabalho honesto, ganhar nosso próprio dinheiro, e ter a nossa liberdade.

Eu acordei. Eu não sabia onde estava, se eu iria morrer... Nada. Eu estava com fome, meu estômago falavam comigo, como se eu tivesse culpa do que estaria acontecendo, mas eles já estavam acostumados, bem antes disso, eu já passava fome mesmo. Mas meu estômago estava sofrendo, disso eu posso ter certeza... Eles estavam sofrendo.

Eu estava numa casa, escura e com o cheiro não muito agradável, era apertado, eu não conseguia me mover, havia homens, mulheres e crianças atrás de mim. Todos tinham perdido suas esperanças, estavam angustiados e com fome, as mães se seguravam em seus filhos e filhas, abraçando-as como se fosse o ultimo momento de respiração juntos. Eu estava lá, com eles, mas sozinho. Ninguém para me abraçar, ou me dizer que ficará tudo bem, ninguém... Nem mesmo minha irmãzinha.

 

Os portões se abrem, eu estava lá no fundo, quase não dava para ver a luz do sol naquele dia, as pessoas se levantaram e eu fiquei sentado, esperando o pior. Então, quando os portões foram abertos, ouvi tiros, pessoas gritavam, sangue era derramado, uma pessoa caiu sobre mim, eu fiquei lá, quieto, todos que estavam lá foram mortos, crianças e mulheres foram mortas, os homens foram para fora, eles estavam sendo forçados a tirar suas roupas e correr em círculos, e tinha alguns outros homens de óculos os enxergando.

 

Eu estava lá, deitado, uma mulher morta estava sobre mim, o sangue dela estava respingando em meu rosto, eu odiava sangue, e aquele cheiro de pessoas mortas, eu os odiava. Ratos passavam por cima delas, as comia, e então... Os soldados vieram com algo em chamas, o cheiro do carbono era o melhor, eu amava aquele cheiro, então, jogaram em cima das pessoas mortas, queimando-as, algumas estavam vivas e outras não. As que estavam vivas foram queimadas, sentiram a dor de um fogo parecido com o inferno, era terrível, eu não sei como suportei aquilo tudo, eu chorava sangue.

Os soldados saíram e deixaram as pessoas queimando, deixaram uma brecha na porta grande e larga feita de madeira, eu estava a salvo, aquela brecha seria minha salvação de sair desse pesadelo. Então eu me levantei, a mulher que estava sobre mim caiu, tinha uma menina morta sobre ela, eu estava sendo sufocado pelo cheiro das pessoas mortas sendo queimadas.

Eu fui em direção a porta, olhei atentamente o que acontecia lá fora, algumas mulheres estavam nuas, andando em circulo como aconteceu com os homens, seus seios balançavam indo de um lado para o outro, elas estavam sujas, assim como os outros. Nós estávamos sujos. Tinha dois soldados na porta, eles estavam segurando armas de fogo, provavelmente as melhores armas que existia naquela época, era tão fácil matar um homem, como esmagar uma barata. Isso que éramos para eles, baratas e ratos que devem ser esmagados, mortos e depois queimados, alguns até vivos. Eu não sei como eles estavam suportando o cheiro das pessoas mortas serem queimadas vivas.

Minha chance de sair daquele local estava para acontecer, o cheiro estava pior do que antes, estava para vomitar, e os mortos poderiam acordar só para acabar com esse cheiro terrível. O cheiro das pessoas, eu as vi sendo queimadas vivas, era horrível, a pior coisa que já presenciei, foi ter visto isso. Os gritos delas era de salvação, pois queriam ser salvas, mas a única coisa que poderia salvá-las agora, era a morte rápida. Eu mal sabia que a minha chance de escapar daquele terror estava prestes a acontecer, naquele momento poderia haver uma chance de escapar.

 

Então, os soldados com uma mão em seu nariz, provavelmente porque o cheiro era forte de mais, começaram a atirar, eu estava do lado do portão grande e largo de madeira, esse portão me assustava, eles estavam na minha frente, eles não me viram. Essa era a melhor coisa que já me acontecera nesse dia, eles não me viram, ali parado, um único menino estava quieto, sem fazer um pio. Então, eu comecei a andar enquanto eles avançavam, foram apagando o fogo, não tinha ninguém no portão, eu fugi. Saí correndo, então soldados me viram, erraram na pontaria, eu corri em ziguezague, adiantou muita coisa, pois assim eles não conseguiriam me acertar, erraram todos os tiros. Ou quase todos, um homem com uma pistola chegou atrás de mim, e disse “Kleine Jude, Anschlag jetzt!” – Judeuzinho imundo, pare agora! – Mas eu não parei, afinal, eu seria idiota de parar naquele instante? Se eu parasse, seria como ter de enfrentar torturas, continuei correndo. Então, ele atirou, a bala passou raspando em meu braço, eu senti a dor agonizante de levar um tiro, por sorte foi raspando, continuei correndo e entrei nas matas, eu caí. Eles vieram atrás de mim, me levantei rápido, e as folhas e poças pareciam estar do meu lado, eu não escorreguei neles, mas aqueles soldados alemães escorregaram. Eu me escondi, fiquei parado, eles passaram por mim, mas não me viram, por sinal, o esconderijo era muito bom, e eficaz. Então eles voltaram, falaram “Heil Hitler” com um homem que parecia importante, falaram algo muito urgente. O homem com o qual falavam, tinha um rosto magro e cabelo curto, ele continha o símbolo nazista em seu braço esquerdo, ele lia um livro de capa vermelha, só deu para ouvir uma ultima palavra entre a conversa dos soldados e ele “... Goebbels.”, e logo então fizeram a saudação nazista, “Heil Hitler” e foram embora. Ele ficava preocupado, o tal homem com o livro na mão, seu rosto parecia que ia desabar na terra, com a lama e os pedaços de dedos arrancados fora de alguns e outros judeus, dava para sentir o cheiro de pessoas mortas queimadas de onde eu estava escondido, algo acontecia, e eu estava curioso. Mas não pude ficar, eu continuei andando, com um ferimento de tiro em baixo do ombro no braço esquerdo, fui andando, deixando rastros de sangue por onde eu passava. Qualquer alemão poderia farejar, afinal... Era sangue judeu, um sangue que eles julgavam ser imundo e podre.

 

Estava anoitecendo, o sol estava se pondo e estava ficando cada vez mais perigoso, eu não sabia por aonde ia, ou a que lugar eu iria chegar, mas a morte sabia. Ela me acompanhava, sabia que eu iria morrer, cedo ou tarde. Afinal, quer saber de um fato?

 

 

• Fato •



Você vai morrer.

 

Eu continuava andando, meus pés se moviam lentamente e dolorosamente, se moviam sozinhos, minha consciência sabia que se eu parasse, eu iria morrer. Durante a jornada a cada passo que eu dava meus pés sangrava ainda mais. Havia pedras e pedaços de corpo humano em meu pé, passo a passo eu gritava silenciosamente, na escuridão da noite, morcegos pairavam nos troncos de árvore quebrados, as bombas haviam destruído tudo a qual passava pela frente. Destroços de bomba, e os potes que guardavam os combustíveis haviam sido queimados, quanto mais eu andava, mais pessoas mortas eu via. As casas estavam em destroços, estava tudo realmente destruído, pedaços de madeira estavam cravados na pele das pessoas, eu imaginava como essas pessoas morreram, então veio a minha cabeça que eu só poderia estar numa cidadezinha judia. Havia estrelas pintadas nas portas de algumas casas que ainda restaram de pé, estrelas amarelas pintadas em porta e porta, no inicio eu não tinha entendido o que aquilo significava, mas depois eu me lembrei da nossa religião, isso era as tão chamadas “Estrelas de Davi”. Eu fiquei perplexo, aqui realmente era uma cidade judia. As pessoas mortas eram iguais a mim, se eu tivesse ficado ali... Se eu não tivesse entrado no trem, eu estaria morto. Morto, feito eles... Caído no chão em cima de poças de sangue e restos humanos, pedaçinhos de madeira encravados em minha pele, mãos foram arrancadas e os ossos... Dava para ver os ossos que saia do corpo das pessoas mortas, ratos comiam sua pele podre, o cheiro não estava muito agradável.

 

 

Editado por iToouch
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Exatamente como você falou, as estórias de Tibia eu não acho muito boa, mas estou avisando, eu acho que nunca mais irei escrever sobre Tibia, pois Tibia não é lá muito bom para se escrever estórias.

 

Logo mais estarei dando a continuação.

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Não existe estórias de Tibia. É um contexto diferente, épico. O que o Tibia engloba não é necessariamente o tema do Tibia, nem das estórias derivadas, mas sim de uma época em sí. Do nosso mundo ou não, a fantasia é o melhor tema para se criar uma estória.

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Não existe estórias de Tibia. É um contexto diferente, épico. O que o Tibia engloba não é necessariamente o tema do Tibia, nem das estórias derivadas, mas sim de uma época em sí. Do nosso mundo ou não, a fantasia é o melhor tema para se criar uma estória.

 

Falou certo, desculpa D:

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