Ir para conteúdo

O Brasão - Maldição Da Magia


Henrique Moura

Posts Recomendados

chaershieldrenderbykaki.png





Maldição da Magia



















Saia para uma nova caçada. Os campos ao leste de Thais haviam sidos pacificados desde a posse do novo rei. Talvez isso o proporcionasse essa nova coragem que dava essa sensação de poder à ele. Ele nunca foi assim, nunca se sentiu assim.


As muralhas eram grandes e certamente era difícil escalá-las, mas ele saberia que o que esperava por ele era muito maior do que qualquer caminho que teria de percorrer, e então prosseguiu sem hesitação em nenhum momento. Ele só queria chegar ao topo, fazer seu trabalho, voltar ao rei e pegar a recompensa. Era um mercenário, não se importava com ninguém ou com algo.

Que se dane para que o rei iria utilizar tal pedra, isso não seria mais problema dele, ele só queria fazer-lhe o melhor: ser rico.

A cada gota de suor que derramava sobre a escalada lembrava-se de moedas de ouros escorregando sobre os seus dedos e caindo sobre um baú cheio delas. Ele era doente, sua doença poderia ser comparada a dos anões por cerveja, ou a de trolls por sujeira. Mas o que o diferenciava disso tudo era uma coisa, que talvez fosse a mais importante de sua vida. Ele era um homem.

Finalmente, só mais um pouco, ele estava quase lá. De repente um rugido forte, pedras caíram sobre ele, ele resistiu, mas não poderia permanecer por muito tempo, sua mão estava machucada e a pressão do vento sobre o seu corpo o empurrava contra a montanha de rochas pontiagudas, o que o machucava seriamente.

Ele resistiu por um tempo, até o vento cessou. Continuou a subida.

O que o atraí para esses perigos que provavelmente nunca o trará vivo de volta é apenas o ouro. Esse rapaz tornou-se altamente subornável e corrompido pela riqueza, seu coração foi corrompido. Ouro era tudo que pensava.

Mas talvez isso esteja relacionado com a morte de seus pais. Talvez. Afinal, é triste a morte de aldeões quando não podem pagar os impostos. Mas isso não torna o fato surreal. Os reinos antigos eram muito severos, principalmente nas terras do norte.

Ele ainda se lembrava daquela noite. Eles estavam quase sem comida, mal tinham moedas para sobreviverem, estavam juntando migalhas para comer e poder assim juntar dinheiro para a taxa do reino. Foi inútil, os soldados invadiram a pequena casa, procuraram por qualquer material de valor e não encontraram nada. Julgaram pouco o que lhe deram, e então, usando o nome do rei, eles assinaram brutalmente os seus pais. O sangue deles espirrou em seu rosto, e junto às lagrimas criaram uma memória atormentadora inesquecível.

Vinte anos. Ele viveu todo esse tempo relembrando a crueldade do rei toda noite, era uma perturbação constante. As memórias perdiam a intensidade, mas quando ele ingressava num trabalho, elas vinham com toda a intensidade. Apesar do seu amor pelas moedas de ouro, as próprias traziam essas lembranças. Esse amor pelas moedas era difícil de entender. Ele deveria odiá-las, foi por causa delas que seus pais foram mortos. Não, talvez, por escassez delas. Se eles as tivessem, não teriam sido mortos. Era esse o seu receio.

Chegou ao topo de montanha, cansado. Esvaziou o seu odre de água e recuperou o fôlego. Retirou sua espada da bainha e caminhou em frente lentamente.

 

_DRAGÃO!

 

O grito furioso ecoou por toda a montanha, ressoando em cada estalagmite e estalactites dos túneis sob a montanha.

Um rugido forte e monstruoso foi ouvido, e então ele correu na direção deste rugido. As paredes de um túnel que ele havia recém entrado foram surpreendidas por chamas altas e fortes, que logo cessou quando foi procedida por um rugido ensurdecedor.

O dragão agora era visível. Ele correu entre os túneis e o dragão o perseguia. Cada passo estremecia o chão e fazia que as estalactites se soltassem, cada passo fazia o chão ceder, o túnel estava desmoronando, e quando o dragão rugia, era como se a montanha inteira fosse ceder. Uma pedra caiu sobre sua cabeça e ele caiu. Tonto por alguns instantes, o dragão se aproximava. Ele abriu a sua grande boca e soltou outro furacão de fogo. Ele se virou e protegeu sua cabeça, sentiu suas costas arderem sendo queimadas pelo fogo infernal do dragão. Num ultimo desesperado ato, pegou sua espada e levantou-se. Travaria então uma batalha sangrenta com o dragão, que logo perdeu a cabeça. Triunfante após a vitória caminhou até o corpo sem cabeça do dragão, retirou da boca uma pedra vermelha e brilhante, de aspecto resistente e infinitamente maravilhoso.

A entrada do túnel por onde havia entrado estava bloqueada pelo desmoronamento, só o restou andar para o outro lado. Antes que pudesse atingir a saída, os túneis que interceptavam aquele foram preenchidos por fortes e ensurdecedores rugidos vindos de todos os lados, e ele se percebeu cercado.

 

_Wyverns? Ele mentiu pra mim, disse que só havia um dragão, não fui informado sobre Wyverns! Fui enviado à morte!

 

Seu ódio pela corte só aumentara. Ele correu em direção a saída e os wyverns foram atrás, eram três. São menores que dragões, mas isso não faziam deles oponentes mais fracos. De modo rápido, um wyvern voou sobre os outros e então o capturou.

Suas enormes garras foram cortadas pela lâmina de sua espada e ele caiu junto à elas, o wyvern caiu ao seu lado, fazendo que o chão estremecesse. Ele se sentia turvo, logo iria perder a consciência e cair em profundo desmaio. Os wyverns se aproximaram furiosos, mas antes que pudessem abocanhá-lo, foram interrompidos. Foram jogados contra o túnel outra vez, e subitamente as pedras caíram sobre eles. Os poderosos e perigosos wyverns foram mortos facilmente. Somente alguém muito poderoso poderia ter feito aquilo.

Ele olhou para seu lado esquerdo e encontrou uma figura desconhecida. Usava um chapéu longo e uma túnica preta que ia do pescoço aos pés, uma capa cinzenta e um cajado marrom com uma pedra azul brilhante na ponta. Sua barba era branca e seus cabelos, de fato.

O velho caminhou até ele, e então se ajoelhou ao seu lado. Recitou algumas palavras que ele não pode ouvir, mas então se sentia melhor. O estado de lucidez voltara.

 

_Quem és? Por que me ajudas?

 

O velho desapareceu subitamente. Ele, espantado, recolheu suas coisas e desejava sair daquele lugar o mais rápido possível, reivindicar suas moedas de ouro e sair da cidade em busca de outro trabalho.

No sopé da montanha, antes que pudesse montar seu cavalo, ele viu o velho outra vez. Estava parado observando-o com uma expressão de alegria.

Ele não ligou, montou em seu cavalo e seguiu na direção oeste, mas antes que pudesse ser perdido de vista no horizonte alaranjado, ouviu a voz do velho.

 

_A propósito, me chamo Ferumbras.


O velho desapareceu. O jovem mercenário tentou olhar para trás, mas sentiu uma forte dor no peito. Caiu do cavalo e sua própria espada perfurou seu peito. A pedra ao seu lado foi tingida de vermelho.

 



Editado por Henrique Moura
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

@Up, pow as novelas da Globo cara sem comentários, eu não gosto, nem assisto, algumas são muito mal escritas!

 

Henrique, talento de sobra, excelente Role, pude tirar algumas idéias pro Role que to fazendo!

Parabéns brother, abraços!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

A historia esta boa, bem escrita, interessante de ler, não há um erro se quer.

No primeiro paragrafo você, no meu ver, repitiu muito a ideia de que ele só pensava em ouro. Nada que atrapalhe a leitura.

 

Valeu!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 weeks later...
  • 4 weeks later...

Particularmente eu acho criatividade mais importante do que escrita, por em sí é o que você quer que os leitores entendam. Escrita é necessária, indispensável, mas ainda sim, quem escreve bem e não tem um bom tema, somente escreve.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Particularmente eu acho criatividade mais importante do que escrita, por em sí é o que você quer que os leitores entendam. Escrita é necessária, indispensável, mas ainda sim, quem escreve bem e não tem um bom tema, somente escreve.

 

Você falou tudo! Eu te admiro cara, sinceramente.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 4 months later...

Muito bom, parabéns, essa história ficou muito boa, mais do que provavelmente as da CipSoft, criadora desse jogo que colocou todos nós aqui.

 

Continue assim cara, você é muito bom com Roleplaying.

Merece um REP+.

 

Atenciosamente,

AnyurCT

Editado por AnyurCT
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Ficou bom de mais, fica até difícil pensar em algo ao nível pra publicar pra galera :winksmiley02:

 

Mais em breve eu apresento a minha "O Brasão - Glória ao Gigante"

 

Parabéns kakis, esta mandando ver mesmo, como sempre falo pra você, quem tem o "don" tem e não há o que discutir.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

×
×
  • Criar Novo...