Fala manolos,
A pedidos, vim trazer á vocês uma preview do capítulo um, do Glória ao Gigante. Ainda não o acabei por completo, mas como está ficando maior do que esperava, vou separar e vou postando em partes. Espero que gostem e boa leitura
Capitulo 1º
Adeus Mãos de Prata
O sol com toda sua exuberância apontava exatamente meio dia em Algor, iluminando todos os cantos da cidade, desde a pouco movimentada saída sul, que levava os viajantes para o porto, preferência única dos ladrões e contrabandistas que passavam por ali de tempos em tempos. Até o grande e imponente arco de entrada ao extremo norte, que era diariamente cruzado por centenas de pessoas, na sua maioria mercadores, comprando itens para revender na capital.
- Filho, sabe que seu pai está velho... Mas quero lhe contar uma breve história sobre o grande bosque. – Falava Sebastian, em seu tom calmo e tranquilo, suas palavras acompanhavam as ondas do vento e chegavam com lentidão ao ouvido, quase que impulsionando Erowen ao sono.
Por mais simples que pudesse aparentar serem, seus trajes humildes, um par de botas surradas pelo tempo e pelos blocos de pedra que formavam as ruas da cidade, suas mãos já enfraquecidas e repletas de cicatrizes, fagulhas da forja, que um dia fora o motivo de orgulho da família, que atraia caçadores e soldados de todo o império, para que fizessem fila esperando pela oportunidade de encomendar uma das peças forjadas pelo grande Sebastian “mãos de prata”, como era conhecido em Kuinue. Apelido dado pelo próprio Rei Naufred após receber uma bela e sem igual espada em um de seus aniversários.
Erowen ainda não havia nascido, quando seus pais deixaram a região montanhosa e as grandes muralhas de Kuinue. Uma das maiores e incrivelmente majestosas cidades que já existiram, caíra diante da fúria, dos que até então eram considerados lendas, a tropa liderada pelo General Cross foi impiedosa, guerreiros sem alma, seguindo bestas de poderes imensuráveis. A grande cidade havia resistido á várias guerras, tentativas de invasão, também passou por diversas catástrofes naturais e em tudo saíra ilesa, sem uma marca sequer, mas aquele dia foi marcado por um massacre, uma cicatriz invisível, com seus pontos ainda latentes na memória de todo e qualquer humano que presenciou tamanha atrocidade. Sebastian estava lá, havia produzido incontáveis espadas para os despreparados soldados que entravam como reforços a todo instante, ocupando ás baixas que seguiam num ritmo igualmente incontável e também relíquias para os oficias de guerra que estavam a frente no campo de batalha. Um silêncio atordoante ocupou a mente de toda população, e toda a tropa que estava escondida por detrás das muralhas da cidade ficou calada, um rugido demoníaco e uma forte e intensa luz ofuscou á todos. Um zunido ensurdecedor se ecoou pelas ruas, com apenas um ataque um dos monstros havia derrubado parte da muralha. Foi nesse exato momento que o pai de Erowen decidia nunca mais fazer parte de guerras, que nunca mais usaria suas “mãos de prata” para forjar nada que trouxesse ruina aos homens, pegou Rosely pela mão e correram sem rumo, até onde seus corpos puderam aguentar.
- Escute bem Ero, sei que você é um bravo guerreiro, lhe ensinei o que estava ao meu alcance, o coração de seu velho pai se enche de orgulho neste momento, um dia jurei nunca mais produzir armas com estás mãos. Mas tenho por certo que és digno de empunha-la em sua jornada, a mesma certeza que pulsa em meu peito de que será um membro da guarda real e poderá fazer muito mais do que um dia eu fiz pelo Reino. – As palavras penetravam na mente do jovem, ele era tomado pelo anseio de honrar seu pai, de conquistar seus sonhos e objetivos.
Ele abriu um baú grande e trincado, com vários símbolos antigos, com cuidado e com os olhos brilhando a retirou, estava toda envolvida em um longo pedaço de couro de carneiro, coberta de pó, os olhos de Sebastian se enchiam de lágrimas a cada volta que dava, retirando o pano velho, desatando nós, pouco à pouco ela ia sendo revelada, um brilho ofuscante lentamente ocupava todo o recinto da casa.
- Mas pai... – O garoto tentou relutar, lembrando-se da história que seu pai contará quando era apenas uma criança. Sabendo da importância e de toda a mística que envolvia essa espada.
- Não fale nada filho, apenas a leve com você, e assim estará se cumprindo o destino desta espada. – Após algumas batidas de mão, o velho homem usou um pano que estava preso em sua cintura, assim retirando o restante do pó, dando todo o brilho e colocando à mostra, pedras preciosas, como safira e esmeralda estavam fixadas ao cabo, este reforçado com tiras de couro, tinha o acabamento em ouro, suas laminas, pareciam ter acabado de sair da forja, capazes de cortar ao meio qualquer que fosse o problema. A empunhadura em duas mãos, sem sombra de dúvida, era ela.
- Dragonslayer... Eu... Eu pensei que fosse apenas uma história, não posso acreditar! – Quase que sem ar em seus pulmões, Erowen fitou a espada toda, desacreditado do que via e ao mesmo tempo confrontando as lembranças de que as histórias eram reais, seu pai havia sido um guerreiro de elite, seu bom e velho amigo era uma lenda em batalha.
- Tome filho, ela é sua a partir de hoje. Você vai precisar. Pode não parecer, mas o caminho pelo bosque é muito mais perigoso do que aparenta. – Sebastian há anos atrás já havia patrulhado o local e conhecia boa parte do terreno, até aonde lhe fora permitido. E sabia que realmente seria necessário um artefato diferenciado, para tal travessia.
- Eu não tenho palavras para agradecer pai, vocês estão desde sempre me apoiando, darei meu melhor e voltarei a Algor como guarda real, eu prometo! – Erowen não escondia a ansiedade em suas palavras, estava ao mesmo tempo calmo e também impaciente, frio e fervilhando em emoções.
[...] Continuação 05/05/2015
Passado alguns minutos que havia recebido sua espada, em frente da pequena casa o jovem terminava de ajustar sua mochila, levava consigo algumas mudas de roupa, um mapa da região já bem gasto pelo tempo mas que serviria para leva-lo até a capital. Também alguns metros de corda e para sua sobrevivência carregava algumas ervas, ordem de sua mãe que não o deixaria partir sem as mesmas.
Vestia uma camisa leve de algodão com alguns furos, resultado de seus exaustivos treinos por vezes. Por cima um colete de couro formado por várias tiras, costuradas diversas vezes e ao meio de cada uma das tiras de couro, um pequeno ressalte de ferro que servira como uma proteção extra, por fim dos ombros ao cotovelo o mesmo couro grosso era usado para proteção que se estendia até os pulsos se ajustando ao corpo. Um robusto cinto de couro lhe vestia a cintura, servindo de suporte para uma pequena adaga de prata que seu pai havia lhe dado quando criança, onde pode realizar seus primeiros movimentos. Junto ao cinto um pano grosseiro caia sobre a coxa esquerda, típico de caçadores que usavam para limpar o sangue de suas espadas. A calça também era formada do mesmo couro que o colete, internamente revestida de lã de carneiro e mesmo sendo justa ao corpo era confortável e permitia movimentos incrivelmente velozes para quem empunhava uma espada de duas mãos, a especialidade de Erowen. Seu par de botas marrons com o cano longo completava sua armadura. E claro, ele não podia esquecer-se de sua capa azul que lhe cobria da cabeça até as panturrilhas.
Sem perceber a tensão que o envolvia fez escorrer uma gota de suor que rompeu a concentração do garoto. Uma gota gelada desceu pelo seu rosto chegando lentamente aos lábios. Ele estava pronto e era hora de partir.
- Olhe pra você, isso não está muito pesado Ero?! – Indagou Rosely em um tom de preocupação e de pesar. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Fique tranquila mãe. Vai passar mais rápido do que pensa e quando menos esperar estarei entrando pelo arco principal, vestindo minha armadura. - O jovem tentava se desvencilhar de emoções e única e exclusivamente neste momento tentava romper seus sentimentos por sua família, sua cidade e seu lar.
Caminharam lentamente pai e filho até a praça central, havia ali um grupo de crianças que brincavam ao redor da fonte, o tempo na maior parte das vezes ensolarado e com um céu límpido e azul favorecia a diversão dos pequenos que molhavam uns aos outros. Ao redor da praça ficava o centro comercial de Algor e como num típico dia as lojas estavam abarrotadas de negociadores. Quase todo centro era formado por construções pouco ousadas em formas, em sua maior parte o andar inferior era ocupado por lojas e a parte superior eram as moradias dos comerciantes em questão. Seguindo sempre o mesmo padrão, a parte de baixo era construída com roxas pesadas e bem encaixadas e acima usavam a madeira extraída das beiradas do bosque, que incrivelmente ano após ano mesmo com o crescimento da cidade, não diminuíra nada. Parecia que as arvores cresciam novamente da noite para o dia, como se fosse magia.
[...]