Antes de começar, gostaria de me desculpar pelo meu período de ausência. As pessoas mais próximas de mim já sabem que sofri um acidente, e tive que me submeter a uma cirurgia e mais de dois meses de repouso. Mas agora estou de volta, e para compensar o tempo perdido, pretendo escrever uma nova coluna toda segunda-feira. Vamos começar, então.
O título deste artigo pode causar estranhamento. O console a que me refiro não é nenhum portátil – muito embora exista uma versão com bateria, que você pode carregar por aí. Também não é nenhum retorno duvidoso da SEGA, nem muito menos um Super Wii em alta definição. Esse console é altamente customizável, é de longe o mais potente da nova geração, e muito provavelmente você já tem um na sua casa! Estou falando do PC – ou mais precisamente, do Windows.
Sim, o Windows. Aquele do “esse programa cometeu uma operação ilegal...”. Mas antes que pedras sejam arremessadas contra a minha janela, deixe-me explicar. A Microsoft, comandando um batalhão de produtoras e distribuidoras de jogos e fabricantes de hardware, está fazendo um avanço em várias frentes, com um único objetivo: restabelecer o PC como uma plataforma de jogos séria.
O PC já teve um passado glorioso. Enquanto muitos consoles por aí ainda utilizavam cartuchos e necessitavam de acessórios para permitirem mais do que 2 jogadores simultâneos, os gamers de mouse e teclado arrepiavam na internet com Quake, Diablo e Starcraft, modificavam seus jogos com novos conteúdos, criavam seus próprios níveis, batiam papo no ICQ, e tinham o visual mais destruidor. Com o tempo, entretanto, os consoles foram ficando cada vez mais completos, e os PCs mais complicados. Enquanto gamers de joystick arrepiam com Gears of War, Zelda e God of War, baixam novos conteúdos, batem papo via headset, e têm o visual mais destruidor, os fiéis do PC naufragam em um mar de placas de vídeo, memória cache, vertex e pixel shaders e fps. E, quando não conseguem rodar direito o tal do F.E.A.R. com aquela “poderosa” FX 5200, desligam a máquina e vão jogar Playstation.
É, a guerra vai ser dura, mas a Microsoft possui um vasto arsenal. Em primeiro lugar, a santíssima trindade: Vista, DirectX 10, e Games for Windows. Se você não estava de férias em uma colônia espacial nos últimos tempos, sabe que a Microsoft tem um novo sistema operacional na praça – o Windows Vista. Além do que já era esperado – mais bonito, mais estável, com novas ferramentas –, o Vista é o primeiro da família Windows a ter uma preocupação com os games. Agora existe uma área “My Games”, além de controle preciso dos pais sobre o que as crianças podem jogar e em que horários, melhor performance nos novos jogos, uso otimizado de memória, etc.
Mas o Vista não tem uma nova função que explique ao usuário leigo de informática o que é um Shader, nem muito menos um aplicativo que salve o vendedor da pergunta “mas isso aí roda no meu micro?”. Por isso, a Microsoft criou a iniciativa Games for Windows, que nada mais é que um padrão – todos os jogos vêm com a logo Games for Windows, apresentam a classificação de faixa etária da ESRB, instalação simplificada, e, acima de tudo, um indicador numérico que determina quão poderosa sua máquina deve ser para rodar o game com qualidade. E o usuário nem precisa quebrar a cabeça – o próprio Vista faz a avaliação do seu PC e atribui uma nota. Como cereja do bolo, a Microsoft comprou espaços em diversas redes de lojas americanas, como a Wal-Mart, para prateleiras exclusivas do Games for Windows. Será ótimo deixar de ver os games para PC em caixas de diversos tipos e tamanhos, amontoadas na seção de Informática, para encontrá-los em uma prateleira própria, todos seguindo o mesmo padrão – como um console de verdade.
A terceira grande arma da próxima geração dos PCs é também a mais significativa para os gamers denominados “hardcore”. É o Directx10, que chega para derrubar tudo que já foi visto em termos de gráficos para games. Ao contrário das outras nove versões, que foram meras atualizações da antiga estrutura original de 1995, o DirectX 10 é uma reinvenção completa, totalmente adaptada às novas necessidades dos games. Para quem não sabe o que esse tal de DirectX faz, ele é um API [Application Programming Interface], que, simplificando muito, funciona como um “tradutor” entre o Windows e as placas de vídeo – o sistema informa que tipo de efeito ele deseja que a placa “desenhe”, e o API traduz para o hardware. Isso simplifica tudo, já que, sem o DirectX, um programador de jogos teria que codificar versões de seus games para todas as placas de vídeo que existem – o que inviabilizaria o processo. Apenas as novíssimas placas de vídeo das séries Geforce 8, da nVidia, e R600, da ATI/AMD, podem fazer uso da nova tecnologia por enquanto, e são também parte da revolução. Mas afinal de contas, o que muda, na prática, com a chegada dessas novidadades? Entre outras coisas, as placas de vídeo DirectX 10 substituem a antiga plataforma de Vertex Shaders e Pixel Shader por uma unificada. No modelo antigo, as peças tinham seu poder dividido entre os “efeitos especiais”, tais como luz dinâmica, texturas, e etc., e os cálculos geométricos. Se um game possui muitos efeitos gráficos, mas formas geométricas simples, metade da placa de vídeo trabalha à toda potência, enquanto a outra fica sem ter o que fazer. Já nas novas, os Shaders se adaptam dinamicamente às necessidades.
Outra diferença incrível que o novo DirectX traz em relação às versões anteriores é a capacidade de, simplificando, “copiar” os cálculos feitos sobre um objeto e “colar em outro”. Ou seja, podemos ter um batalhão com centenas de soldados, ou uma floresta com milhares de folhas, sem que cada um sobrecarregue a placa de vídeo com cálculos individuais. O impacto que isso irá causar nos games, só poderemos ver quando Crysis [o novo jogo da Crytek, produtora de Far Cry] chegar, chutando a porta para abrir caminho para a nova geração de games para PC.
Obviamente, todas essas iniciativas e recursos terão mais visibilidade – e consequentemente irão demonstrar mais resultados – nos mercados europeu e norte-americano. Os asiáticos são assunto para outro artigo, mas e o Brasil ? Quais são os problemas a serem superados pelo PC em solo tupiniquim?
Apesar de a pirataria, o excesso de taxas cobradas sobre importação, a ausência de uma indústria forte de peças nacionais e o baixo poder aquisitivo do consumidor médio brasileiro serem os problemas mais discutidos, existe um outro obstáculo que é constantemente ignorado. Me refiro especificamente à “cultura de consumo” do gamer – ou “candidato a gamer” - de PC no Brasil. O problema é: todo console tem seu preço fixo. O consumidor paga por seu Xbox ou Playstation, e leva para casa um produto padronizado – com exceção de um ou outro acessório opcional – que garantidamente irá rodar os games da maneira que estes foram projetados para rodar. Já os PCs, por serem altamente customizáveis, são uma faca de dois gumes. Por um lado, os PCs proporcionam uma sensação que os consoles não podem oferecer – o sentimento de que aquele amontoado de neons azuis, chips e cabos é seu, que foi montada da forma que você quis, para atender às suas necessidades. Por outro lado, a falta de conhecimento sobre hardware leva, muito frequentemente, à decepção. O consumidor médio não faz idéia de como montar um PC pronto para games de nova geração, nem de quanto isso custa. Muitos acabam comprando um PC barato e tentam obter uma experiência à altura dos novos consoles. Como obviamente isso não acontece, o consumidor se decepciona com a plataforma – uma situação pertubadoramente comum, mesmo entre os que se julgam “entendidos” de hardware.
Montar um PC eficiente para games é tarefa realmente complexa. A questão é que o consumidor é obrigado a aprender, sozinho, qual configuração irá atender às suas necessidades, e quanto terá que pagar por ela. Isso não deveria ser assim, mas o consumidor praticamente não tem para onde correr. Falta apoio, e falta conhecimento até dos funcionários das lojas de informática, que também, na maioria das vezes, não fazem idéia do que é necessário para um PC para gamers. Não temos aqui “montadoras” voltadas especificamente para um “gaming PC”, como a norte-americana Alienware. Mesmo empresas que possuem linhas de PCs para games no exterior, como a Dell, trazem para o Brasil apenas seus produtos voltados para empresas e home-offices.
Então voltamos à toda aquela questão do mercado brasileiro de games. Até que as empresas gringas comecem a ver aqui uma oportunidade de negócio, ao invés de um reduto de contrabando e pirataria, ainda teremos multidões de consumidores desinformados se frustrando em suas tentativas de jogar em um PC. A chegada do Xbox360 e de filiais de grandes nomes mundiais dos games como a Electronic Arts podem ser os primeiros sinais de que bons ventos estão por vir. Mas até lá, nem tudo está perdido. A comunidade é uma fonte excelente e quase sempre confiável de informações. Sites como o Clube do Hardware trazem explicações simplificadas e fóruns onde todas as dúvidas dos consumidores sobre PCs são respondidas com muita clareza. E deixo aqui minha mensagem para quem deseja embarcar nessa jornada: não é a coisa mais fácil do mundo, muita pesquisa é necessária, e provavelmente o arrependimento pode surgir uma hora ou outra, mas o resultado compensa. Olho com orgulho para o meu pequeno monstro cheio de cabos, placas e neon, e torço muito para que cada vez mais pessoas se juntem à mim na grande experiência que são os games no PC.
Pergunta
tibiaa4e 86
Eu achei essa materia bem interessante Na ESBR
Não foi de minha autoria
Os devidos creditos estão no final da materia
Até que enfim a microsoft abriu os olhos
E crio o XPC 360 ?
Creditos : ESBR |tr4
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1 resposta a esta questão
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