115757 44 Postado Janeiro 23, 2014 Share Postado Janeiro 23, 2014 Meu servidor contará com uma extensa história, a qual foi inicialmente projetada para somente imergir o jogador nas missões. Entretanto, a ideia cresceu e se desenvolveu, dando origem a algo maior e bem-feito. Quando posteriormente eu criar o tópico revelando a verdadeira história - que não deixarei ligeiramente apresentada por conta de eu guardar planos para o gameplay - talvez vocês discordem quanto ao fato de ter originado algo grande; portanto, peço-lhes que até lá não produzam más impressões. Afinal, é como eu disse antes: guardo planos para o gameplay. Enfim. Chega de papo e vamos ao conto (está simples, pois busquei alcançar uma forma de narrativa com foco na batalha e não no ambiente ou noutros detalhes). Não sou um exímio escritor e considero-me amador no ramo, pois não dedico muito tempo a isso. Escrita tais explicações, é certo dizer que considero a escrita apenas um hobby. Era madrugada. A Estalagem Rato Sorrateiro outrora fora agitada e de boa fama, quando em tempos passados a região não fosse temida e esquecida. O tempo passara, e o povo cada vez mais mentia, inventava histórias que, talvez, tivessem sido verdade. Mas em época como aquela tudo era fato; tudo era realidade. Os reis ficaram bobos, os lordes mais ainda e a população ouvia as palavras que os nobres diziam, pois, afinal, eles eram nobres e guardavam consigo a certeza. E isso levou a tempos tristes e de histórias feitas para fugir da mentirosa realidade que o mundo vira, despercebidamente, nascer diante de seus olhos. Mas algumas das histórias menos conhecidas, daquelas que poucos se interessam em escutar, eram verdadeiras. Tão verdadeiras quanto o nascer e o pôr do sol todos os dias. Era nisto que a misteriosa figura, deslizando como uma aparição pelo aposento, acreditava. Atravessou a porta num silêncio inaudível, impercebível. Somente o mínimo som dos estalos provocados pelo leve tocar dos pés descalços poderia ser escutado. E fora este tênue e insondável som que despertara o homem adormecido. Ele não se mechou, tampouco deu sinais de que acordara. Aguardou a misteriosa figura aproximar-se e concentrou-se. Era impossível vê-la, mas era possível descrevê-la. De olhos fechados, notou o manto negro que cobria todo o corpo e o punhal escondido sob a manga. Era suficiente. Desconcentrou e instintivamente respirou fundo e abriu os olhos, assustando a figura encapuzada e furtiva que despreocupadamente deu alguns passos para trás.- Eu lhe encontrei. Finalmente, lhe encontrei. O velho não respondeu. Sentou-se na cama e olhou para o canto do quarto. - Está muito longe, não é? – perguntou a figura que, de voz doce e sedutora, revelou ser uma mulher. Seus olhos acompanhavam o do homem que por sua vez fitavam a espada embainhada ao lado do guarda-roupa. – Antes de se levantar você já estará com a garganta cortada. Mais uma vez, o homem não respondeu. Levou a mão para trás e, num movimento ameaçador, fez a mulher sacar o punhal e atirar-se sobre a cama, embora cuidadosamente ágil. O homem jogou-se para o lado no momento em que a figura negra pousou na cama e rasgou o colchão, tendo tempo para se levantar e correr na direção da espada. A mulher tinha movimentos fluídos e ágeis, entretanto, como sabia o homem, ela pensasse estar na presença de um oponente muito inferior. Ela retirou o punhal da cama e, ao virar-se na direção do guarda-roupa, lançou-o como uma faca de atirar, tão rápido que mal se pôde perceber o braço indo e voltando. O homem foi capaz de notar a ação e saltou no chão, caindo aos pés da lâmina embainhada. Puxou-a para perto, desembainhou a espada e largou a capa no chão, colocando-se de pé. A lâmina brilhante sibilou no ar e por um momento a mulher distraiu-se. A assassina tinha agora um segundo punhal em mãos, o qual não fora detectado pelo homem quando ela sorrateiramente entrara no quarto. Ela agitou o braço esquerdo e o capuz soltou-se, revelando uma armadura de couro batido que a maioria dos homens julgaria inapropriada para uma moça. Ainda com o capuz em mãos, ela ergueu o braço e balançou-o, largando-o. A roupa rodopiou no ar e a mulher circulou-o numa velocidade que, por pouco, não deteve a defesa distraída do homem. As lâminas se tocaram e o tilintar metálico ressoou pela estalagem, enquanto ambas deslizavam-se obliquamente uma na outra. O punhal era relativamente menor e a mulher obrigatoriamente arriscou esquivar-se impulsionando para frente e saltando para o lado. Mas fora um erro. O homem percebeu a força imposta pelo impulso e, quando conseguiu detê-la, dobrou os joelhos e chutou num movimento curto e contido, que derrubou a moça e a fez largar a arma. Ela gritou de raiva e rapidamente levantou-se num pulo, de olhos cravados no punhal. Tentou pegá-lo, mas o homem foi mais rápido. Fluidamente, ele deu uma estocada com a ponta da espada e certeiro atingiu a virilha da jovem, que gemeu de dor e cambaleou na direção da janela. Ainda de pé, ela recostou-se no vidro e apontou o punhal que resgatara por pouco na direção do rosto do velho.- Como isso é possível? Parece ser velho e devagar... Mas é tão rápido quanto eu. Ele mais uma vez não deu ouvido. Apenas encarou-a, de olhos negros e vazios, que agora pareciam verdadeiramente assustadores. Ele ergueu a espada, apontou-a para a jovem e segurou o cabo com as duas mãos. A moça respirou fundo. Quando ele iniciou a curta corrida, a mulher agarrou com ambas as mãos o punhal e posicionou-o entre os peitos, numa vã tentativa de bloquear o ataque fatal que vinha lhe acertar. Milagrosamente, a segunda estocada viera com menos impulso e o pequeno punhal a bloqueara, no entanto a força destruíra a janela e jogara os dois oponentes no monte macio de neve que os aguardava há sete metros de distância. Quando atingiram o térreo, a mulher gritou e o homem afundou-se na terra, aplicando todo o peso do corpo sobre sua perna esquerda. Ele berrou e deitou-se de frente, esticando a cabeça com dificuldade para ver com clareza o estado de seu ferimento. Não havia nada exposto e não era tão grave quanto o ferimento na virilha da jovem, que tinha se levantando e cambaleava gemendo na direção da floresta. O homem também se pôs de pé, mas seguiu a mulher andando. Não queria prejudicar-se mais ainda forçando para correr. Ela enfiou-se no meio de duas árvores e adentrou uma cabana de pele, provavelmente armada por ela própria. O homem encaminhou-se calmamente pela trilha coberta de neve, enquanto começava a ter dificuldades até mesmo para carregar a espada. Quando chegou à floresta e olhou adiante para dentro da cabana, viu a mulher terminar de armar uma grande besta e apontá-la para ele. - Fim da linha, desgraçado. Já viveu demais. Está na hora de morrer. Ao menos, morra com honra: com um dardo fincado em seu peito, assim como morreram seus antepassados – ela posicionou o dedo no gatilho. O homem apertou a empunhadura da espada. A jovem gargalhou e ajoelhou-se, apoiando-se numa mesa tombada e encurvando-se. O dardo mirava bem no peito do homem, que continuara aproximando-se da cabana. Ela endureceu o corpo e preparou-se para atirar. As corujas cessaram os pios e o silêncio foi absoluto. A corda estremeceu. O homem ergueu a espada. Ouviu-se um agudo som de metais se chocando. O dardo desviou-se da rota original e rodopiou, acertando um tronco de árvore. A mulher arregalou os olhos. - Desviou... Desviou do dardo... O homem fechou os olhos e respirou fundo, enquanto a moça observava-o, sem reação. Quando as pálpebras tornaram a se abrir, as pupilas estavam tão vermelhas quanto sangue. Ele caminhou na direção da cabana, apertando o cabo da espada com toda sua força.- Por favor, deixe-me ir. Desculpe-me... – ela soltou a besta e engatinhou até o canto da cabana. Não era mais um homem de aparência velha; era agora uma figura soberana, de olhos tão assustadores que até mesmo o mais feroz dos reis não ousaria encarar. – Desculpe-me por duvidar...- Duvidar? – perguntou o velho. A jovem engoliu em seco.-... De sua existência... Luzes piscaram nas costas do homem. Na porta da estalagem uma multidão de pessoas o observava, empunhando tochas e inchadas. Quando notaram os olhos vermelhos destacados no escuro, imediatamente apertaram o passo, enquanto um deles gritou:- Saia de perto da garota! Aqui você não vai matar ninguém! Não na minha estalagem, demônio maldito! O velho olhou para a garota, com uma expressão indescritível; um misto entre raiva, ódio e preocupação.- Parece que o filho de Niarbar não é só um boato, afinal... Você foi descoberto, e junto com você a prova de que os Ern-fáelad estão entre nós. A perna estava quebrada. A luva encharcada de sangue rubro. Ele não conseguiria correr daquelas pessoas. Decerto, não conseguiria. A menos que... Fechou os olhos. A mão acendeu e um brilho ardente e dourado expandiu-se por toda extensão da perna, cobrindo-a de misticismo, magia ou fosse lá o que mais – o que ali acontecia era coisa de lendas. - Eu sou o filho de Niarbar, e assumo-o como homem, não como demônio. Conte a reis, lordes ou exorcistas, mas não creio que algum deles encontrará coragem suficiente para me enfrentar. Meus olhos são como a fúria do demônio e a noite é quando minha força desperta; somente nela eu aparecerei diante de homens comuns. Os olhos brilharam intensamente na forma mais sanguinária até que, num rugido de dor, o filho do Ern-fáelad fincou a espada no chão e apoiou-se. O ferimento estava curado. A moça encolheu-se mais ainda e escondeu o rosto com as palmas da mão. O homem, sem pretensão de cruzar caminho com os camponeses, de imediato e empunhou a espada e retirou-a do chão, atirando neve nos utensílios presentes na cabana. Ao virar-se para trás, notou os homens aproximando-se numa freqüência que aumentava cada vez mais. Não perdeu tempo. Segurou a espada numa posição para torná-la fácil de carregar e disparou colina acima, correndo com velocidade e agilidade incrivelmente impressionantes para a quantidade de neve que recobria a encosta da subida. No meio da espessa névoa da noite, o filho de Niarbar desapareceu, e a moça aprendeu que nunca se deve mexer nem com as menos proferidas histórias. Ela despertara a fúria de um demônio e alertara os reis sobre sua existência. Alguns acreditariam, outros não; mas apenas o tempo contaria a verdade que, como sempre, era inevitável. Os Ern-fáelad eram reais. Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
IvanAppel 87 Postado Janeiro 23, 2014 Share Postado Janeiro 23, 2014 Gostei me lembrou de Assassin's Creed Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
115757 44 Postado Janeiro 23, 2014 Autor Share Postado Janeiro 23, 2014 Assassin's Creed? Fico feliz por tê-lo dito; apesar de eu nunca ter aberto nenhum dos livros - e jogado apenas três jogos - eu considerarei suas palavras um elogio. No mais, obrigado. Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Avilack 24 Postado Janeiro 23, 2014 Share Postado Janeiro 23, 2014 Bem bacana!A luta descrita esta muito bem bolada e os detalhes deixaram seu conto agradável de se ler.O único trecho que não me agradou foi: " Era nisto que a misteriosa figura, deslizando como uma aparição pelo aposento, acreditava. Atravessou a porta num silêncio inaudível, impercebível. Somente o mínimo som dos estalos provocados pelo leve tocar dos pés descalços poderia ser escutado. E fora este tênue e insondável som que despertara o homem adormecido."Na minha opinião, você utilizou um adjetivo desnecessário, pode-se dizer até errôneo após trecho " Atravessou a porta num silêncio... - inaudível. ", já que o sinônimo de silêncio é: Algo que não se pode ouvir, o mesmo pode-se dizer de "inaudível". E logo abaixo você entra em contradição, quando diz haver um mínimo som dos "estalos provocados", e que foi esse som que despertara o homem - mas não leve essa minha ultima observação ao pé da letra, já que se trata de um demônio.Enfim, a coesão do seu conto está ótimo, realmente muito bom se tratando de "apenas um hobby".Meus parabéns e continue assim!Abraços, Avilack. Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
115757 44 Postado Janeiro 23, 2014 Autor Share Postado Janeiro 23, 2014 Realmente, foi bastante idiota de minha parte ter dito "inaudível". Obrigado por dizê-lo, irei corrigir o quão breve. E sim, ele é um 'demônio' e por isso seus sentidos são mais aguçados; manterei então o "impercebível". Obrigado pelo comentário e elogio. Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Avilack 24 Postado Janeiro 23, 2014 Share Postado Janeiro 23, 2014 Disponha e continue escrevendo, afinal, terá sempre um leitor presente! ^^Abraços! Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
IvanAppel 87 Postado Janeiro 24, 2014 Share Postado Janeiro 24, 2014 Cara eu li os 5 livros do Assassin's Creed e são os melhores livros que já li na minha vida, até espero que saia mais livros \o mas realmente me lembrou muito dos livros sua história ;p Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
115757 44 Postado Janeiro 24, 2014 Autor Share Postado Janeiro 24, 2014 Fico grato com sua comparação; é muito bom saber que meu texto o tenha lembrado de um livro de relativo sucesso. Abraços. Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Avilack 24 Postado Janeiro 28, 2014 Share Postado Janeiro 28, 2014 FelipeMAN: Venho convida-lo a conhecer o primeiro concurso oficial de escrita do Xtibia; OMC - O melhor conto.Acesse a subseção do concurso e participe já!http://www.xtibia.com/forum/forum/979-o-melhor-conto-omc/ Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
115757 44 Postado Janeiro 29, 2014 Autor Share Postado Janeiro 29, 2014 Receio que não possa participar, entretanto farei o possível; obrigado pelo convite. Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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