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Halladian


Khallas

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Assim que os seus irmãos partiram, Mmalé desceu até a fortaleza do Piherim, foi até a nascente do Rio Azul e antes de beber aquela água cristalina ficou, por um momento, imaginando ou tentando imaginar tudo e todos os perigos que estavam por vir. Os perigos, a paz de Haladian, que era o motivo pelo qual os anciões ainda permaneciam em Haladian. Ficou bastante tempo neste exercício de imaginação e então resolveu voltar ao local da reunião, que acabara de acontecer. Já estava noite e precisava descansar. Seus irmãos haviam ficado com a melhor parte do trabalho, pois para Mmalé era muito pior ficar esperando a volta dos outros, pois não poderia agir enquanto eles não voltassem.

 

Noite fria e longa, Mmalé dormiu pouco e o pouco que dormiu teve sonhos estranhos e isso fez com que acordasse muito preocupado. Ora pensava em Kqelé, - será que ele encontrará o Salvador? - se perguntava duvidosamente. Em outro momento era Ttelé quem tomava conta de sua mente, - Sua viagem é mais perigosa, vai passar próximo ao território de Dascki, será que ele vai conseguir? - continuava a se perguntar. Assim passou aquela noite terrível, entre pesadelos e preocupações.

 

Ao amanhecer, não teve duvidas, levantou, foi até o rio, se refrescou, aproveitou o saboroso capim que se formava nas margens e fez um excelente desjejum, pro seu gosto é claro, e voou. Havia se decidido a antecipar a consulta ao Chifre de Osurumm. Subiu até o topo da colina e lá chegando se encaminhou diretamente para o centro da grande pedra que havia sido colocada ali há muitos e muitos séculos atrás, pelos seres criadores de Haladian e de todos os outros mundos existentes, conhecidos e desconhecidos. O Chifre de Osurumm era a relíquia deixada pelo ser responsável por Haladian. Servia de ligação entre os anciões e Osurumm e era o poder que mantinha aquele mundo em harmonia.

 

O grandioso chifre, a exemplo dos chifres dos anciões, brilhava ininterruptamente, porém muito mais intensamente e somente os anciões podiam se aproximar dele e somente os anciões estavam preparados mentalmente para suportar a grandeza de Osurumm.

 

Mmalé não precisou nem invocar Osurumm, este já estava o esperando. Quando o ancião subiu a grande escada de pedra que dava acesso à grande caverna, onde se encontrava o Chifre, escutou a prodigiosa voz de Osurumm:

- Não tenha pressa meu querido filho! Você ainda tem alguns dias para se preparar!

- Mas Senhor tenho medo! - resmungou o ancião.

- Eu te darei paz e calma pra que não sinta medo! Dois mensageiros trarão noticias.

- Me perdoe, Criador de todos os mundos, pela minha fraqueza! - respondeu Mmalé.

- Agora vá, meu querido filho, e se prepare para a chegada dos de teus irmãos!

 

Mmalé, fez uma grande reverência e saiu sem dar as costas a Osurumm. O ancião estava indeciso, não sabia se esperava pacientemente ou sairia para encontrar com seus irmãos. Mas para onde seguir? Para o sul ou para o leste? – se perguntava Mmalé. Ficou algum tempo refletindo sobre esse assunto e concluiu que deveria esperar, pois se saísse poderia haver um desencontro que prejudicaria os planos feitos na reunião da noite passada. Osurumm havia dito que mensageiros trariam noticias e então Mmalé ficou apreensivo. Quantos dias seria necessários pra tais mensageiros chegarem a Piherim? – era a pergunta que se fazia agora. Resolveu então descer novamente até a fortaleza, pois quando os mensageiros chegassem tinham que estar esperando por eles ali.

 

Passaram-se dez longos e entediantes dias e Mmalé já não agüentava mais a espera, mas resignava-se à sua missão cuja a dificuldade era exatamente o exercício da paciência. Neste dia resolveu fazer um vôo pelas redondezas da colina, tanto para se distrair um pouco como também para tentar ver alguma coisa. Mal havia iniciado seu vôo de reconhecimento e viu caminhando, há apenas alguns quilômetros da fortaleza, um pequeno cavalo, arrastava uma das asas que parecia estar quebrada. Mmalé ficou radiante de felicidade, mas ao mesmo tempo teve dúvidas. E passou a se perguntar se seus irmãos teriam coragem de confiar a um filhote tão perigosa tarefa de trazer informações a ele. Numa fração de segundo, sua mente fez milhares de suposições que não adiantariam nada se ele ficasse ali parado e não fosse logo ao encontro do pequeno cavalo que precisava de sua ajuda, na pior da hipóteses.

 

Mmalé, então voou em direção ao seu visitante, tão rápido que o cavalo quando viu aquela enorme sombra sobre sua cabeça, num tremendo esforço começou a correr, assustado. O ancião alcançou-o com facilidade e pousou em sua frente e aí sim pode ver a expressão de dor pela qual passava o jovem cavalo.

- De onde vem e como é seu nome querido irmãozinho?

- Meu nome é Locemn, da cidade dos cavalos albinos e trago notícias de Ttelé, o ancião!

- Então é você o mensageiro, mas é só um garoto!!! Bem, eu estava esperando ansiosamente pela sua chegada. Mas não se preocupe em falar agora, primeiro vou cuidar do seu ferimento e depois você conta sua história,

 

Mmalé ajudou Locemn a se levantar e caminharam sofridamente até a fortaleza, onde instalou confortavelmente o jovem Locemn. Enquanto Locemn bebeu água e descansou um pouco, Mmalé subiu saiu a procura de remédios para curar a asa ferida do tão esforçado cavalo. Não demorou muito, mas quando voltou, Locemn já estava dormindo. O ancião ficou por um longo tempo observando aquele jovem, nem percebeu que já havia anoitecido, imaginando toda sua viagem e querendo acordá-lo para saber o motivo pelo qual Ttelé o enviara. Mas sabia perfeitamente que era preciso que ele estivesse descansado e que seus ferimentos fossem cuidados. Assim, Mmalé, mesmo com Locemn adormecido, cuidou de seus ferimentos, limpou e aplicou uma pasta feita com erva que ele havia ido buscar no topo da montanha, no jardim do santuário do Chifre de Osurumm.

 

 

Assim que acabou de fazer o curativo em Locemn, o ancião retirou-se silenciosamente, foi para seus aposentos para poder descansar também, pois no fundo ele sabia que o próximo dia seria de grandes surpresas. Quando acordou, no horário de costume, era muito cedo e ainda não podia incomodar Locemn tão cedo, por isso resolveu dar um pequeno passeio pela PLANICIE e começou a subir até o mirante de onde voava, quando subitamente um grito: Cuupi-raK no portão leste!!! Avisem o ancião. Mmalé ao escutar isso desistiu do vôo e correu para o portão leste e nesse pequeno espaço bombardeou sua mente com uma torrente de perguntas: Será este Cuupi-raK o enviado por Ttelé? Qual o motivo deste guardião da floresta estar tão longe de seus domínios? Será um Cabelo-Vermelho ou Verde? Com essas perguntas ainda frescas em sua cabeça chegou ao portão.

 

Ordenou aos guardas que abrissem e eles fizeram, mas muito a contra gosto, pois os portões nunca eram abertos, ou quase nunca, somente quando recebiam visitas que não voassem e assim mesmo somente se o visitante tivesse avisado com antecedência, mas aquele Cuupi-raK não havia avisado e se não bastasse isso, para contribuir para a antipatia dos guardas, ele era enorme devia medir uns três metros e tinha cabelos verdes. Só conheciam os Cuupi-raKs de cabelos vermelhos, que eram bem menores. Aquele que estava ali parado em frente ao portão causava medo aos cavalos guardas da fortaleza.

 

O Cuupi-raK esperou pacientemente por um tempo razoável, mas começou a desconfiar que não abririam então começou a berrar e sua voz parecia o trovão em dia de tempestade: Sou Péatraz, Guardião de Hibrilim, enviado de Ttelé, o ancião, abram. As palavras do Cuupi-raK soaram como uma senha para os guardas e sob os severos olhares de Mmalé abriram o portão. Mmalé também se assustou ao ver Péatraz, porém por motivos diferentes, o ancião sabia que os Cabelos-Verdes jamais saiam de seus respectivos círculos, na Floresta de Hibrilim, por isso convidou Péatraz para subir até onde estava Locemn, para que os dois contassem suas histórias.

 

Péatraz ficou por um momento deslumbrado com a fortaleza, olhava com atenção para todas as construções, as casas, que eram enormes, os salões, as ruas, os jardins, mas o que chamou mesmo a atenção dele foi a enorme construção no final da rua por onde caminhava com o ancião e não se agüentou teve que perguntar: Como vocês conseguiram construir tudo isto sem mãos? Fez essa pergunta de uma maneira tão simples que Mmalé achou graça e deu uma sonora gargalhada, mas em seguida num tom muito doce e generoso respondeu: Você é bastante curioso guardião, mas sei que sua curiosidade vem de sua inocência, por isso lhe direi, as nossas cidades foram feitas pelo grandioso Osurumm com seu poder inalcansável. Péatraz ficou satisfeito com a resposta, pois sabia alguma coisa sobre Osurumm e não fez mais perguntas.

 

Quando chegaram aos aposentos, Locemn já estava acordado e muito bem disposto e fizeram rapidamente as apresentações. Locemn, por ser ainda muito novo nunca tinha visto um Cuupi-raK, somente nas história contadas por seu pai e mesmo essas histórias se tratavam dos Cabelos-Vermelhos. Mas eles rapidamente se entenderam e como se sintonizados olharam firmemente para Mmalé. O ancião percebeu que eles precisavam contar logo toda sua história e ele inconscientemente estava adiando.

 

Locemn adiantou-se e começou a falar: Amado seja, Mmalé, ancião da Colina do Piherim, protetor do Chifre de Osurumm, viajei muitos dias até aqui, a pedido de teu irmão igualmente amado. A noticia que trago, apesar de não entender completamente a importância, segundo Ttelé, é de extrema urgência. Na cidade dos cavalos albinos há exatamente seis dia atrás morreu meu estimado pai. Os sintomas da doença eram muito estranhos. Primeiro surgiu em sua asa direita uma pequena inflamação, parecida com um tumor. Após dois ou três dias, esse tumor havia aumentado muito de maneira que meu pai passou a sentir dores horríveis. Mais uns poucos dias e começou acontecer o pior, tanto para meu pai e pra mim, como para o resto da cidade dos cavalos albinos, as penas de suas asas começaram cair e caíram todas, meu pai ficou numa situação de dar dó. Nesse momento a população da cidade, apavorada e com medo da doença ser contagiosa, fugiu da cidade, não restou ninguém. Apenas eu fiquei pra cuidar de meu velho pai e ampará-lo em sua morte. Poucas horas antes dele morrer, seu irmão, nosso protetor, Ttelé chegou e pode presenciar toda a desgraça de meu pai. Contei toda a história a ele e ele sem me explicar nada pediu pra vir até a Fortaleza pra comunicá-lo e aqui estou. Que eu tenha ajudado de alguma forma. Gostaria que contasse com os meus préstimos e gostaria de pedir também que não me mande embora, pois não tenho mais pra onde ir.

 

Locemn acabou de falar e pode ver nos olhos de Mmalé pesadas lágrimas, que ele não compreendeu muito bem. Mmalé de posse daquelas informações, suspirou fundo e falou consigo mesmo: - Já começou, precisamos nos apressar. A seguir olhou para Péatraz e somente com os olhos pediu para que ele contasse sua história. Péatraz então, deu um passo à frente, no seu velho estilo desengonçado e começou a falar com sua inconfundível voz de trovão: Meu senhor a preocupação dos Cuupi-raKs é muito grande. A Floresta de Hibrilim está desprotegida. Os Cabelos-Vermelhos abandonaram seus postos e não sabemos qual foi o motivo, apenas que alguns meses antes deles saírem da Floresta de Hibrilim, um estranho ser passou por lá, mas nós, guardiões do portal não o vimos e mesmo que ele tivesse tentado se aproximar dos grandes círculos nós teríamos o repelido. Nós nos reunimos no circulo central para decidirmos o que fazer e optamos por enviar um mensageiro à Colina do Piherim e eu fui o escolhido. Saí da floresta com este objetivo, vir até a fortaleza comunicar os três anciões e não havia caminhado nenhum dia fora da Floresta, encontrei teu irmão, o sábio Ttelé e contei a ele toda a história achando que minha missão estivesse cumprida, mas ele me pediu para continuar minha jornada até a fortaleza e completar minha missão, pois não teria tempo pra tomar as devidas providencias naquele momento. Disse também que você saberia o que fazer.

 

Ao terminar sua fala, o grande Péatraz fez uma cara de alivio por ter cumprido sua tarefa e permaneceu onde estava esperando alguma reação do grande e venerável unicórnio. Ficaram ali, os três em silencio. Locemn e Péatraz esperando a voz de Mmalé surgir para lhes dizer algo, aprovar ou desaprovar, louvar-lhes ou não pelo esforço que tinham feito, pelo sacrifício em nome de Haladian. Mas Mmalé permanecia calado. Seus pensamentos se voltaram instantaneamente para Kqelé e para o Salvador. Eles deveriam enviá-lo o mais rápido possível para o mundo dos humanos, pois a guerra havia começado e se agravaria a cada geração até culminar na grande guerra onde os cavalos alados lutariam pelas suas vidas de todas as maneiras possíveis. Nesse momento o Salvador deve estar preparado para assumir seu papel e principalmente para morrer pelo povo se for preciso. Mas para isso era preciso enviá-lo rápido, para que ele não seja contaminado pela horrorosa doença que já se aproxima.

 

Olhou para Locemn e sentiu vergonha do jovem cavalo pois havia passado pela sua cabeça que talvez estivesse contaminado, doente. Mas arrependeu-se do pensamento sujo que teve e pediu desculpas a Locemn. Este ficou sem entender nada.

 

Depois de passado o transe, Mmalé pediu licença a Péatraz e a Locemn, disse que iria se ausentar por apenas um dia e que eles deveriam esperar por ele, pois quando voltasse traria os conselhos de Osurumm com ele. Tendo dito isto, saiu e voou o mais rápido que pode para o topo da Colina do Piherim, para consultar o Chifre de Osurumm. Locemn e Péatraz aproveitaram para passear pela grandiosa fortaleza. Durante aquele dia visitaram todos os cantos da cidade, conheceram muita gente. Cavalos albinos como Locemn, cavalos brancos de asas negras e o contrário também, malhados, cavalos com as asas coloridas, enfim uma multidão de cavalos que Locemn não estava acostumado em sua pequena cidade. Locemn e Péatraz fizeram todos esses passeios sempre juntos e os cavalos que também nunca tinham visto um Cuupi-raK ficavam igualmente abestalhados. Já estava escurecendo quando resolveram voltar para o local marcado por Ttelé para esperá-lo. Ao chegar ao local que marcaram precisaram esperar pouco mais de meia hora para o magnifico unicórnio aparecer.

 

Já estava anoitecendo quando o majestoso unicórnio retornou. Chegou com uma expressão serena em seu rosto, transmitindo paz a Locemn e a Péatraz.

- Ficaram bem?

- Aproveitamos para conhecer a fortaleza. - responderam os visitantes.

Mmalé foi direto ao assunto, chamou Locemn e disse, com a voz firme, porém suave: - Locemn, meu jovem, você não tem mais pra onde voltar, não restou nenhum cavalo na sua cidade, por isso Osurumm disse que você deve permanecer na fortaleza, pois você será útil. A partir de hoje você se integrará ao exercito oficial haladiano. Treinará, se aperfeiçoará para se tornar um soldado e na hora certa, se necessário, defender a paz de Haladian como também sua própria vida, porém somente você pode decidir se é isso que você quer, Osurumm nunca obriga um filho seu fazer o que não quer. Aceita ou não?

 

Locemn ficou radiante com a proposta feita por Mmalé e mais do que depressa aceitou. O ancião bateu os cascos no chão e instantaneamente entraram dois grandes cavalos, de armaduras reluzentes. Mmalé então pediu a eles pra que acompanhassem Locemn pra sua nova casa. E lá se foi Locemn, feliz da vida, tudo tinha terminado bem pra ele.

 

Assim que ficou sozinho com Péatraz, olhou pra ele e foi direto: - Caro Péatraz , Osurumm não deu opção pra você. Seus deveres com o Ser Supremo o obriga a obedecer sem questionar e você bem sabe disso. É preciso que você parta imediatamente para Hibrilim e lá chegando reuna seus irmãos pra lhes contar toda a história. Você foi escolhido para buscar ajuda nos outros onze mundos, mas lembre-se, você deve ir sozinho, enfrentar todos os obstáculos que virão com a sabedoria dada por Osurumm. Deve pedir ajuda a todos os povos dos outros mundo, pois o perigo tem que ser contido em Haladian e se não conseguirmos todos os mundos podem sofrer as conseqüências. Em suas mãos Osurumm deposita a grandiosa missão de buscar ajuda e levar as noticias de Haladian. Em mil gerações os Cuupi-raKs devem estar preparados para a batalha, talvez antes. Quando chegar a hora vocês serão avisados através de um grande sinal no céu, em todos os mundos ele poderá ser visto e a esse sinal que todos venham ao nosso socorro. Vá com a paz de Osurumm em seu coração!

 

Péatraz ouviu tudo sem nenhuma reação e quando Mmalé terminou de falar ele disse naturalmente: Adeus grande e sábio unicórnio! Minha vida e as de meus irmãos pertencem a Osurumm! Cumprirei a missão com o mesmo amor com que protejo a Floresta de Hibrilim e o Portal! Até logo...

 

Deu as costas a Mmalé e saiu, nem mesmo a noite impediu o esforçado Péatraz de partir.

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Falta só um pouco de coerência entre a narração e a sua relação com o leitor e entre os diálogos do personagem. Além disso, tente inserir mais detalhes sobre que você cita (Rio azul, Piherim). Assim da uma base a imaginação do leitor, e aí a história fica divertida e sem limites.

 

Dê continuidade, você tem um belo contar!

Abraços.

 

 

 

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