Nirk 0 Postado Outubro 5, 2007 Share Postado Outubro 5, 2007 (editado) O Tesouro Capitulo I - O cofre escondido Os três irmãos de Medranhos, Rui Guanes e Rostabal, eram então, em todo o reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados. Nos paços de Medranos, a que o vento da serra levara vidraça a telha, passavam eles as tardes desse Inverno, engelhados nos seus pelotes de camaleão, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante da vasta lareira negra, onde desde muito não estava lume, nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer devoravam um pouco de pão negro, esfregada com alho. Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo a neve iam dormir à estrebaria, para aproveitar o calor dos três cavalos lazarentas que, esfaimadas como eles, roiam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais barvios que lobos! Ora, na Primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos entre os robles, enquanto os três cavalos pastavam a relva nova de Abril - os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha, um velho cofre de ferro. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três chaves nas três fechaduras. Estão a gostar da História? Então não percam o próximo Capitulo! Capitulo II - Deus ou Demónio? Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um distico em letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro! No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lividos do que cirios. Depois, mergulhando furiosamente as maões no outro, estalaram a rir um sorriso de tão larga rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas. Então, Rui, que era gordo e ruivo e o mais avisado, ergueu os braços como um árbito, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do Demónio, pertencia aos três e entre eles se repartiria rigidamente, pesando-se o outro em balanças. Estão a gostar da História? Então não percam o próximo Capitulo! Editado Outubro 6, 2007 por Nirk Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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