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Roleplay Postagem #4


Henrique Moura

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Koddy



Vida na favela

 

"Nunca gostei de morar na favela. A qualidade de vida daqui é uma porcaria; não tem nada pra fazer o dia inteiro, sem contar quando a polícia sobe o morro pra ‘botar ordem na casa’. Tiroteio sempre tem, com direito a bala perdida e tudo. O som do boteco aqui do lado de noite também não deixa ninguém dormir. E não tem para quem reclamar: se falar com o dono, me mandaria embora, e chamar a polícia, nem pensar”. Fechei o caderno. A redação pra escola estava quase pronta, e já tinha escrito muita coisa hoje também, sem contar o cansaço que eu sentia. Estava anoitecendo. Meus pais ainda estavam tentando descolar um trocado, mas não pude esperá-los voltar, pois sentia muita fome. Quebrei o cofrinho do meu irmão que era daqueles de porquinho, só por quebrar mesmo, mas lembrei que tinha uns trocados de ontem em cima da mesa. Peguei a chave de casa e fui pra lanchonete encontrar a galera.

 

Estava praticamente vazio. Tinha um ou outro ali lanchando, e o pessoal parecia já ter ido embora. Perguntei para o Jusciley, o dono da lanchonete, se a galera havia passado por ali, que respondeu positivamente gesticulando com a cabeça e indicando com o dedo a direção que eles haviam partido. Também apontou uma roda. Agradeci e segui em direção à pista de skate. Ele sempre foi mudo, e como se não bastasse, foi abandonado pelos pais, que até hoje são desconhecidos, em frente à casa da Maria Lúcia. Passei em frente à pista, mas não avistei ninguém. Fiquei observando de longe, tentando avistar alguém, mas estava completamente vazio, por incrível que pareça. Aquele local sempre foi disputadíssimo, sempre tinha alguém lá, mas não daquela vez.

 

Esfriava. Eu estava sem jaqueta, mas o que eu queria mesmo era encontrar o pessoal. Dei uma rondada ali pra procurá-los: passei pelo barzinho e nada, passei pela banca, nada. Andei mais um pouco. Finalmente. Eles estavam na quadra. Dei um “oi” de longe, e me sentei ao lado do Juca para assistir “a pelada”. Juca nunca gostou de futebol, mas estava sempre ali, perto da galera, pois não era muito aceito pelos outros, e estava sempre disposto a ajudar. Eu não era o melhor dali, mas também não era o último a ser escolhido para entrar no time. Eu até jogaria se não estivesse cansado, e se tivesse sido chamado, mas o time estava com exatamente cinco de cada lado.

 

Escurecia. Já estava no finalzinho do segundo tempo quando marcaram o gol de empate, que acabou levando a disputa aos pênaltis. Cada jogador do time que perdesse era obrigado a carregar um adversário nas costas de um gol a outro, e quem não carregasse, ficava de fora da próxima partida. Os “sem camisas” venceram, e era o time que tinha mais gordinhos. Foi engraçado ver os “magrelos” sofrendo, suando ainda. Não fez diferença pra mim, cumprimentei um por um pessoalmente, parabenizando-os. Comentavam do jogo, em direção à torneira. Fediam mais que o lixão abandonado ao lado do esgoto. Insuportável. Eu ainda passava desodorante antes de jogar, mas pelo amor de Deus... Perguntei se algum deles havia lembrado de ao menos começar a redação, mas a maioria tinha faltado na aula, e os outros nem haviam lembrado. Ainda tinha um dia de prazo para a entrega, mas nunca deixava nada para a última hora, por garantia.

 

Após se refrescarem, foram se despedindo e voltando para suas casas. Mesmo não jogando, estava completamente exausto. Estava com preguiça até de voltar para casa. Tinha passado o dia fazendo aquela redação, mas de passo em passo, fui me aproximando do meu lar. O movimento na rua estava aumentando. O barulho também. Quanto mais me aproximava, mais pessoas eu avistava. Era um tumulto enorme. Entrei na roda para ser me informar do que estava ocorrendo e vi que um bêbado que tentava agredir meu irmão. Não falava nada com nada. Minha mãe o protegia. Inacreditável. Um bêbado agredindo uma criança, que era protegida por uma mulher. E uma multidão olhando para ver o que acontecia. Fiquei pasmo, e quando fui tomar a atitude de empurrar aquele “babaca”, uma arma foi sacada. A multidão se calou. Três disparos. Enquanto um carro para, um homem agarra o bêbado e o joga dentro do carro. O vento frio da noite secaram minhas lágrimas. Acabara de presenciar uma cena terrível, meus olhos cheio de ódio não temerão a nada. Morte, juro por todos, darei morte ao assassino de minha mãe. Eu juro, ele pagará com sangue...

 

Felzan



Órfão

 

Estava em frente ao computador quando o telefone tocou, estava sozinho, fui atender, era uma voz rouca, perguntou se minha mãe estava, respondi que não, disse que ela chegaria em duas horas, pois tinha ido fazer compras, após isso o telefone ficou mudo. Voltei ao computador.

Escuto um barulho na porta, estico o pescoço e vejo um monte de sacolas vou ajudar minha mãe, voltando ao computador após deixar as sacolas em cima da mesa, lembro sobre a ligação e aviso minha mãe, ela abre uma fresta na janela e me manda ir para o quarto fazer os temas, digo que já fiz, mas ela insiste em me mandar ir pro quarto obedeço e vou.

 

Deitado na cama ouço o barulho da parta da cozinha se abrindo, ela range, e logo vejo que minha mãe começa a conversar com o homem, não entendo nada do que falam, sai do quarto e vou espiar para ver quem esta falando com minha mãe, do nada ela aponta uma arma para minha mãe corro até ela gritando para que não a mate, quando chego perto dela, já esta caída, olho para os olhos do homem, vejo que sua boca se meche mas não escuto nada, ele sai porta fora, entra num carro escuro onde tem um homem ao volante. O vento frio da noite secaram minhas lagrímas. Acabara de presenciar uma cena terrivel, meus olhos cheios de ódio não temerão à nada. Morte, juro por todos, darei morte ao assassino de minha mãe. Eu juro, ele pagará com sangue...

Acordo, olho para o lado e vejo o calendário, o dia de hoje esta marcado, sento e lembro o por quê de estar marcado, hoje é meu aniversário. A mulher que cuida de nós fará um bolo para comemorar. Após cortar a primeira fatia vejo um homem de sobre-tudo preto do outro lado da rua me olhando.

No meio da noite acordo de repente, sento-me na cama e vejo que tem alguém sentado na cadeira do canto, uma voz me chama pelo nome, pergunto como sabe meu nome, ele diz que não importa e me faz uma proposta, a de sair deste orfanato, digo que sim mas também pergunto porque ele esta fazendo isso, ele diz que era isso que minha mãe queria, pegando umas roupas pergunto de onde ele conhece minha mãe e ele diz que dirá depois e fala para mim me apressar.

 

Ele bate na porta e uma mulher abre, ele entra e a beija, me manda entrar e diz a ela que sou “aquele garoto” do quem tinham falado, eu insisto mais uma vez para contar de onde ele conhece minha mãe e ele fala que irá contar durante o café da manhã, pede que sua mulher me mostre o quarto, deito na cama, fecho os olhos. De repente abro os olhos, logo percebo que já esta de manhã. Saio do quarto e vou em direção a cozinha, os dois me olham e dizem para me sentar e comer, logo pergunto, novamente, de onde ele conhece minha mãe, então ele começa falando sobre meu pai, que minha mãe nunca havia falado nada, fiquei espantado, como um homem que acabei de conhecer pode conhecer tanto sobre mim? Ele diz que meu pai era um homem poderoso e minha tivera um caso com ele, mas que ele não poderia ficar com ela. Perguntei se ele sabia alguém que poderia ter matado minha mãe por qualquer motivo, logo respondeu que não e ainda me perguntou por que queria saber, disse que iria me vingar do homem que havia matado minha mãe. Eles se entre olharam e então ele me perguntou se eu gostaria de conhecer meu pai, logo respondi que sim, pensei que ele poderia a achar os assassinos da minha mãe.

 

Já era de tarde quando ele perguntou se eu queria conhecer meu pai, disse que sim, e saímos. Paramos em frente a um portão grande, ele falou com um guarda que estava na guarita, entrando na casa fomos recebidos por um empregado que nos levou ao escritório do meu pai. Meu pai e o homem se cumprimentaram, achei muito estranho, pois achava que eles não se conheciam, então meu pai se virou para mim e perguntou meu nome, respondi, e lhe perguntei se sabia o que havia acontecido com minha mãe, ele respondeu friamente que sim acrescentando que sabia quem era, fiquei ansioso para que ele disse-se quem, ele disse que mais tarde falaria, perguntou a mim se gostaria de ficar com ele, respondi que sim, mas dei a condição de que ele me falasse quem havia matado minha mãe, ele aceitou a condição, se despediu do homem que me trouxe.

Sozinho com meu pai comecei a fazer perguntas a ele, perguntei se ele sabia da minha existência, disse que sim, mas que minha mãe não o deixava que me visse, perguntei por que ela não deixaria, e ele respondeu que era por medo dos mesmos homens que a mataram, perguntei se eles eram seus inimigos, ele acenou com a cabeça baixa afirmando, disse que não era pra mim me preocupar porque ele iria se vingar.

À noite ele me convidou para dar uma volta, fomos até seu carro a saímos. Ele parou em frente a uma outra mansão, ele disse que estava tudo preparado, não entendi mas fomos entrando na mansão, parecia que estava vazia, pois não tinha nenhum guarda. Já dentro fomos até um quarto, onde havia quatro guardas em volta de um homem amarrado e desacordado, ele diz que ele é o homem que assassinou minha mãe, ele me deu uma arma e disse que era para eu decidir o que deveria ser feito com ele, sem êxito apontei a arma para sua cabeça, tive uma lembrança de minha mãe, logo a tirei da cabeça fechei os olhos e puxei o gatilho, não escutei barulho algum, mas quando abri os olhos vi sangue. Disse que queria sair dali e meu pai atendeu ao pedido e me levou pra casa. No carro ele falou que sua missão tinha sido cumprida, de manhã vi meu pai todo ensangüentado, o homem do orfanato botou a mão no meu ombro e falou que agora tudo isso era meu, e que ele iria tomar conta de mim.

Editado por Henrique Moura
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